Os primeiros minutos de exibição deixam clara a experimentação visual conseguida na fluidez dos pequenos planos-sequência e dos cortes, por vezes, imperceptíveis, isso em equilíbrio com os ângulos e movimentos de câmera dinâmicos e criativos. Destaque para o uso desses recursos nos momentos de desdobramento da médium para o ‘outro mundo’, especialmente, na cena ambientada em Amityville que segue como provável um gancho para outra produção.
Assim como no primeiro título de 2013, o prólogo flerta com a linguagem de documentário e reafirma assim a ideia de uma narrativa embasada em fatos verídicos, isso associado aos recursos de som empregados com o intuito de provocar pavor, tais aspectos dão o tom da franquia. Aliás, James Wan também está a frente do nome Sobrenatural, cujo filme recente foi conduzido por Leigh Whannell.
Outro acerto é a manutenção do elenco, os rostos conhecidos trazem maior credibilidade, especialmente, neste roteiro que aprofunda a relação afetiva do casal de investigadores. Todavia, o protagonismo fica mesmo por conta de Vera Farmiga, ela parece tornar tudo crível, o próprio olhar da atriz já é um indicador sensível dos acontecimentos.
Todavia, o excesso de efeitos especiais investido em algumas entidades ou situações pontuais soa desnecessário diante de toda a indumentária e terror provocado pela trama em si ou mesmo pela criatura nefasta que tanto amedronta Lorraine. De qualquer forma, o horror tem um repertório próprio muito conhecido, mas em meio a isso, Wan conseguiu compor com sucesso uma identidade para a franquia.
Apesar da produção anterior exibir um roteiro simples, porém mais ‘redondo’, este novo filme demonstra maior maturidade nos argumentos empregados e no desenvolvimento da relação afetiva dos personagens centrais, além de um crescimento cinematográfico marcado pelas ousadias visuais. Destaque para a criatura demoníaca e toda a ideia de incerteza, desconfiança e medo que rondam a existência humana.