Realizada na quarta-feira, 25 de janeiro, no Rio de Janeiro, a coletiva do filme Toc: Transtornada Obsessiva e Compulsiva contou com a participação de parte do elenco, encabeçado por Tatá Werneck. Além dos atores, a produtora e os diretores estiveram presentes, e também falaram sobre a experiência cinematográfica.
O clima de descontração esteve presente durante toda a coletiva, mas isso não impediu o tom sério e responsável de Tatá Werneck ao falar sobre o filme no qual vive Kika, uma estrela das telenovelas tomada por uma vida sentimental conturbada e por problemas causados pelo Toc.
Ao falar sobre o trabalho, a atriz destacou a importância da obra e como isso se relacionou com a vida dela. “O filme eu acho que acabou falando sobre algo muito maior, pelo menos para mim, que me identifico em várias partes dessa história, dessa hora de, às vezes, você tá mal e ter que colocar uma peruca e ser obrigada a fazer rir”, desabafou.
A ideia de realizar o projeto partiu de uma conversa entre conhecidos, conforme destaca Tatá: “esse filme veio de comum acordo, de senso comum e ao mesmo tempo também de uma parceira de muita admiração que eu tenho pelo Teo (Teodoro Poppovic) e pelo Paulinho (Caruso), e o (Daniel) Furlan entrou por acaso “, comenta sem perder a oportunidade de brincar com o parceiro de cena.
Na verdade, havia uma predileção por um um profissional que ela já conhecesse, todavia, isso mudou quando mostraram um vídeo de Daniel Furlan em cena. Aliás, Tatá fez questão de ressaltar a mudança no pensamento, “tudo agora que eu posso fazer, de um programa a um risoto, eu quero que você esteja comigo” disse a humorista ao ator.
Experimentação visual, drama e humor
Com um formato experimental, a narrativa é permeada pela inserção de imagens, uma estética mais comum aos clipes musicais. “Acho que essa questão do videoclipe, especificamente, ela vai muito numa coisa de buscar uma linguagem pro filme que saísse um pouco da linguagem convencional que a gente vê nas comédias produzidas no Brasil. Eu queria colocar um pouco mais de referência pop no filme”, explica o diretor Paulinho Caruso.
Marcada por ousadias visuais e cenas irreverentes, a história é pontuada por situações surreais, mas ainda assim com um pé firme na realidade, porém, não se trata de uma cinebiografia. “Não é um filme biográfico, não é a vida da Tatá, mas ressoa na vida dela e de vários atores, imagino. A gente tentou puxar o filme para uma coisa um pouquinho mais real, no sentido de dores reais e sentimentos reais e tirar o humor disso, tirar o humor do drama”, diz Teodoro.
Diferente da ideia original de dar destaque ao transtorno e retratar, inclusive, a passagem da protagonista por uma clínica médica, os diretores, que também assinam o roteiro, optaram por uma trama na qual o transtorno funcionasse como uma das tantas características de Kika, no entanto, esse aspecto não deixa de ser uma espécie de espinha dorsal do plot.
Tanto os diretores quanto Tatá Werneck fizeram questão de frisar a abordagem sobre o transtorno obsessivo, ela, inclusive, revelou ter passado pelo problema na infância, além de ter um amigo que sofre deste mal. De modo algum foi objetivo fazer piada da doença, conforme ela declara: “em nenhum momento a gente queria tirar a graça disso, sarro disso, pelo contrário, mas mostrar como isso é desgastante pra quem tem”.
Na linha das obsessões, Luis Lobianco interpreta um fã instável e capaz de qualquer atitude por conta da fixação pelo ídolo, o ator ressaltou a preocupação com esse tipo de relação ao relatar o caso de uma pessoa que afirmava não se matar por conta das postagens dele, ainda acrescentou a isso, os xingamentos na web. “Esse assédio na rede social que, às vezes é muito violento, a gente é chamado de tudo, a gente é agredido”, comentou.
A produtora Bianca Villar falou das dificuldades de filmagem enfrentadas, especialmente, na locação que se assemelha a um cenário desértico, no estilo Mad Max, uma parte importante do universo onírico da personagem central.
Mais do que uma comédia, o longa prima por uma forma de fazer rir bastante peculiar ao gosto da equipe, “às vezes, a gente faz coisas que a gente ama fazer, mas não é muito o tipo de humor que a gente gosta de assistir. Nós somos nerds e a gente queria fazer um filme que a gente gostasse de assistir, que a gente falasse: Putz! Eu gosto disso, eu gosto de ver isso”, reiterou Werneck.
Admirador de produções norte-americanas como Saturday Night Live e Seinfield, o diretor Teodoro Poppovic elogiou o humor nonsense da atriz que dentre tantas influências, teve no Monty Python (grupo de comédia britânico) e no seriado Chaves fontes de inspiração.
Werneck enfatizou o diferencial e a relevância desta nova investida no cinema. “Mais do que fazer uma comédia, eu queria contar essa história, porque essa história fala comigo. Ela fala também sobre a minha dor, sobre pessoas que eu conheço e ela fala isso de uma forma bem-humorada”, disse.
Toc: Transtornada Obsessiva Compulsiva tem estreia prevista para 02 de fevereiro e ainda conta com Vera Holtz, Bruno Gagliasso, Gustavo Suzuki e Patricya Travassos no elenco.