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(Review) Profundo e macabro, ‘A Bruxa’ vai além dos sustos típicos do gênero

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Premiado no Festival de Sundance pela direção, Roberts Edgers também assina o roteiro de A Bruxa e demonstra um olhar bastante sensível ao retratar a natureza humana em um misto de ingenuidade e malícia. Para além dos típicos sustos do gênero, o longa trabalha com pausas dramáticas e ainda propõe uma reflexão sobre os papéis impostos às mulheres na sociedade.

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Imagem/Universal Pictures

Ambientado na Nova Inglaterra do século XVII, o filme narra a trajetória de uma família afastada da comunidade e com moradia próxima a uma floresta sombria. Apesar das dificuldades, tudo parece caminhar normalmente até o desaparecimento inexplicável do recém-nascido, a situação se dá durante o passeio com a irmã mais velha vivida por Anya Taylor-Joy.

Com o sumiço do caçula, toda a fraqueza humana passa a ser exposta, dando também subsídios para o crescimento do aspecto sobrenatural, algo trabalhado com o áudio, imagens horripilantes na penumbra e também com as pausas dramáticas que permitem maior raciocínio e dão o tom de cinema/arte a produção.

Neste sentido, a fotografia de Jarin Blaschke é competente e consegue criar uma atmosfera sombria, mas ainda assim, a concepção e condução de Robert Edgers compõem o grande diferencial, tanto no roteiro quanto na direção geral.

Da mesma maneira, há um aproveitamento bem-sucedido de todos os personagens, o elenco tem espaço para se desenvolver mas sempre sob a visível regência do diretor, algo evidente na condução da protagonista de Anya Taylor-joy, marcada por uma curiosa ambiguidade.

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Imagem/Universal Pictures

Apesar de ser macabro, A Bruxa tem um objetivo diferenciado e não investe nos típicos sustos do gênero, aliás, não é um filme indicado a quem apenas deseja sentir a tensão e os calafrios diante de uma criatura tenebrosa. O título é uma legítima cria do horror, porém propõe uma observação mais profunda e pode não agradar a quem somente busca pela típica sensação de pavor.

O destaque dado a dualidade humana é um dos pontos fortes, além disso, a produção acerta ao lançar um olhar sensível sobre a crueldade dos papéis aferidos à mulher. Quais seriam as possibilidades da figura feminina nesta sociedade? Qual o preço a ser pago para usufruir da liberdade? Estas e outras indagações ainda poderiam ser feitas nos dias de hoje.

As tantas reflexões ganham reforço nas cenas construídas com base em diálogos e olhares nada inocentes, aliás, a narrativa é bastante engenhosa ao expor toda a hipocrisia deste meio familiar. Livre de pudores e estereótipos, o longa ainda questiona a sacralização da maternidade e ressalta um lado traiçoeiro presente nas crianças.

Com uma abordagem mais intelectualizada, A Bruxa conversa com os códigos do terror e consegue um equilíbrio entre o que deve ser mostrado e aquilo a ser escondido, entretanto, ganha maior relevância ao chamar a atenção para os aspectos pouco nobres da humanidade. Vale a pena conferir, recomendo!

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