Baseado em fatos reais e ambientado em Boston, o filme narra a trajetória de uma equipe jornalística empenhada em descobrir e denunciar sistemáticos casos de pedofilia cometidos por padres e, posteriormente acobertados pelo alto clero.
Outro ponto importante é a honestidade empenhada ao retratar a iniciativa nobre, já que também surge como uma estratégia para conquistar público e reforçar a imagem do Globe, algo proposto pela nova chefia representada pelo ator Liev Schreiber, aliás, bastante convincente no papel. Tocar em uma ferida destas, levando-se em conta o índice de 53% de leitores católicos é algo ousado.
Com a narrativa um tanto convencional, o roteiro é composto por uma breve cena inicial (gancho) datada de 1976 e a posterior transposição para o ano de 2001, período em que se desenrola a maior parte da trama. Entretanto, a opção pelo tradicional não é demérito, mas apenas uma escolha, no caso, coerente com o objetivo desejado.
Ao que tudo indica, o foco se dá no processo investigativo, permeado pela clareza dos testemunhos sobre os abusos, tanto naquilo dito pelas vítimas quanto por um dos detratores. Além disso, há um contraponto interessante entre o forte senso de responsabilidade dos jornalistas frente a pressão exercida pela igreja para camuflar tais escândalos.
Spotlight – Segredos Revelados é correto e McCarthy cumpre bem a função de transpor para as telas tal denúncia, mas não inova como arte cinematográfica. Ainda assim, o longa tem mérito por atualizar a discussão sobre a pedofilia e ressaltar a fragilidade das famílias mais pobres diante de tal violência. Uma temática preocupante e ainda muito presente nos dias de hoje.