Baseado no famoso jogo de videogame de origem dinamarquesa, Hitman: Agente 47 acerta ao manter a identidade da franquia mas se perde em roteiro preguiçoso marcado por resoluções pouco criativas e cenas de envolvimento afetivo bastante clichês, aspectos não condizentes com a proposta da ação.
Como o próprio código de barras inserido na nuca indica, o protagonista faz parte de uma série de agentes modificados geneticamente e treinados para matar. Programado para não sentir medo ou amor, o assassino precisará ajudar Katia a encontrar o pai, um cientista essencial ao plano inimigo de criar um exército com tais características.
O novo título traz agora Rupert Friend na pele do famoso assassino, ele surge caracterizado de forma condizente, e apesar de não aparentar um preparo físico ou vigor para o papel, os cortes e coreografias bem marcadas resolvem isso. O ator cumpre a função e se destaca nas imagens de tiroteio que remetem a estética do game que inspirou o filme.
Uma escolha em sintonia direta com o público-alvo, no entanto, ao longo da narrativa as próprias sequências de confronto que deveriam ser o ponto alto desembocam, por vezes, em resoluções pouco criativas embasadas apenas nas ‘super’ habilidades do matador ou da bela heroína, interpretada por Hannah Ware. Exemplo disso é a mirabolante desenvoltura dela ao livrar-se das cordas que a aprisionam.
Além dos recursos usuais travestidos de surpresa, como o inimigo amparado por uma inesperada armadura subdérmica; as cenas de engajamento emocional são marcadas pelo clichê, como o diálogo melodramático travado entre a moça e a figura paterna, algo que destoa do contexto e também revela uma tentativa rasa de justificar a motivação dela e os acontecimentos posteriores.
Enquanto o início do longa condiz com o proposto pelo gênero e também com o nome Hitman, durante o trajeto tudo caminha para uma dificuldade clara na conciliação entre a natureza lúdica da franquia e a coerência ou mesmo a criatividade e riqueza de elementos necessários a uma narrativa cinematográfica bem-sucedida.
“Determinamos o que somos pelo que fazemos” frases como estas exaltam e reiteram o conflito interno a ser enfrentado por 47, tal argumento não é novo mas poderia ganhar outra roupagem se trabalhado de forma mais engenhosa, nem mesmo o gancho final para uma continuação futura escapa do repertório batido. Ainda assim, a produção pode entreter fãs e um público menos exigente.