Na trama, a Terra é ameaçada por uma força alienígena com capacidade de trazer as criaturas dos games, bem como a sua sistemática para a realidade, mas para combatê-los é imprescindível a ajuda de uma equipe de geeks, caso percam, o planeta corre o risco de ser destruído.
Ambientadas no verão de 1982, as cenas iniciais dão o tom da história e revelam o alvoroço para um simpático torneio mundial de fliperama que culmina no primeiro desafio enfrentado por Sam Brenner, futuramente vivido por Adam Sandler. Com o resultado dessa disputa, a narrativa segue para os tempos atuais.
Passagem bem administrada e até irreverente ao exibir o protagonista como um profissional sem muitas expectativas e o seu ‘fiel escudeiro’ como um político de grande poder, interpretado por Kevin James. Os primeiros diálogos travados e o momento posterior são até divertidos, mas a partir daí tudo caminha para a mesmice das comédias do astro de Trocando os Pés.
O típico ‘looser’ no padrão estabelecido pela cultura norte-americana, com o humor, o jeito e as piadas já esperadas do ator. Apesar das cenas seguintes optarem pela obviedade e rapidez dos acontecimentos de modo quase irreal, a relação estilo gato e rato com a personagem de Michelle Monaghan ainda rende algumas risadas.
Aliás, um dos poucos atores do elenco que tenta fugir da estereotipia do texto ou de alguma forma demonstra maior diversidade artística é Peter Dinklage. A atuação diferenciada não se resume apenas a caracterização, de qualquer forma, ele também segue com um papel distinto daquilo que costuma fazer nos filmes ou mesmo no popular seriado Game of Thrones.
Não há muito como fugir desta perspectiva chapada, evidente na figura de Josh Gad como um nerd bem nos moldes do senso comum. Outro aspecto que merece um questionamento, mulheres não se interessam por games? Por mais que o público-alvo do longa esteja demarcado, não seria enriquecedor dar voz a elas? Seria um ótimo par para o Ludlow, ao invés da musa inalcançável.
Se algumas sequências não convencem e certas resoluções do roteiro são forçadas, como o salto de um prédio a outro em pouso perfeito no carro a marcha a ré ou mesmo a função e posterior ‘transformação’ do Q*Bert; os efeitos especiais e o próprio processo de pixelização constituem um acerto criativo, no qual heróis e vilões como Donkey Kong, Pac Man e Smurf fascinam o expectador.
Deliciosas referências ao universo oitentista e seus ícones explorados de forma cômica em trilha marcada por We will rock you do Queen, além de tiradas bem-humoradas a partir do repertório de franquias como Harry Potter e O Senhor dos Anéis. Pontos positivos que poderiam ser parte de uma obra cativante com roteiro caprichado e discurso mais atual. Porém, este não é o caso de Pixels.