Sob a direção de Peyton Reed, Homem-Formiga investe em efeitos visuais e trabalho de câmera louváveis e ainda consegue um belo misto de ação, lágrimas e muito bom humor. Além de interpretar o personagem central, Paul Rudd também teve participação no roteiro e conseguiu humanizar o herói deixando-o divertido e ainda assim convincente.
Com um gancho narrativo ambientado em 1989, Dr. Hank Pym (Michael Douglas) deixa claro aos demais acionistas de sua empresa que a partícula Pym jamais conseguirá ser imitada e que a fórmula nunca será revelada por se tratar de um risco à humanidade. A partir daí, a trama segue para os dias atuais com o protagonista em uma situação complicada.
Por conta de uma atitude a la Robin Hood, Scott Lang foi penalizado e agora luta para reconstruir sua vida e tentar reconquistar o direito de visitar a filha vivida por Abby Ryder Fortson, um talento promissor. Por maior que seja a distância, o pai e a menina têm características próximas e parecem seguir em perfeita sintonia.
Paul Rudd consegue um equilíbrio entre a comédia e o drama na medida do possível para um blockbuster de ação. Diferente de Tony Stark, mesmo quando Scott Lang ‘ensaia’ uma arrogância, ele descamba para o ridículo e acaba revelando um forte traço cômico. A inadequação, o estar à margem e o sentimento de perda deste homem acabam por torná-lo simpático e alimentam a torcida por ele.
Aliás, o filme bebe na fonte melodramática e a partir daí aprofunda as relações entre os personagens principais, tanto na relação do Dr. Pym com a filha, uma figura inicialmente ambígua interpretada pela atriz Evangeline Lily, ou mesmo no vínculo com o perigoso pupilo, papel de Corey Stoll.
Assim como as personalidades são bem exploradas, os efeitos visuais e o trabalho de perspectiva em câmera resultam na sensação deliciosa de estar diante de outro universo. Desde a corrida em uma banheira prestes a ser utilizada, passando pelo risco de ser pisoteado em uma boate ou até mesmo devorado por um rato. Tudo com uma edição correta e rápida sem ser confusa.
Mesmo com o investimento no já conhecido discurso do protagonista como a pessoa ideal para vestir o uniforme, os diálogos são astutos e verossímeis. Da mesma maneira, há um ganho quando o homem-formiga oscila entre miniatura e tamanho natural nas sequências de combate. Destaque para o confronto entre o pequeno e o Falcão do Vingadores, momento de deleite para os fãs do gênero.
Ponto que talvez gere controvérsia é o fato da narrativa exibir distinções da HQ, principalmente no que gira em torno da história e comportamento de Hank Pym, entretanto, a alternativa adotada para esta versão cinematográfica é pertinente e nada impede um eventual descontrole dele no futuro, já que tudo indica uma bela franquia.
Não há como deixar de mencionar o quanto é fascinante o universo deste inseto, bem como a sua variedade de espécies e a vivência em colônia. Sem sombra de dúvidas, vale a pena conferir Homem-Formiga, e ainda ressalto algo que muitos admiradores da Marvel já devem saber, esperem o término dos créditos porque vem surpresa no final.
Texto muito bom!
Obrigado, Ana.