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Lugares Escuros prova que potencial não significa resultado

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Estrelado por Charlize Theron, Lugares Escuros exibe atmosfera condizente com o título e gênero proposto, além de contar com atuações corretas e diálogos até coerentes. No entanto, a forma como foi usado o flashback assim como as motivações de alguns personagens resultaram em uma perda de ritmo e dúvidas sobre a consistência narrativa.

Imagem/Paris Filmes

A trama retrata o nebuloso caso de uma família tragicamente assassinada em 1985, no qual os únicos sobreviventes foram a irmã mais nova, encarnada 28 anos depois por Charlize Theron e o irmão mais velho condenado pelo crime, interpretado por Tye Sheridan na fase juvenil e tempos depois por Corey Stoll.

De composição adequada, a protagonista cumpre o papel de forma competente, assim como grande parte do elenco; aliás, o comportamento arredio e o humor mordaz a deixam ainda mais interessante. O estopim do conflito se dá com a ida ao clube da matança, local onde curiosos investigam crimes mal resolvidos e passam a questionar a veracidade do testemunho dela.

Nicholas Hoult e Charlize Theron em cena – Imagem/Paris Filmes

O filme tinha tudo para funcionar a partir daí, a atmosfera de suspense, o tom sombrio das imagens da noite trágica em P&B granulado, tudo bastante perturbador. Entretanto, a opção pelo constante retorno no tempo para elucidar a situação dificultam a fluidez, especialmente, porque muitas destas quebras se dão em momentos de engajamento no tempo presente.

Assim como o bem-sucedido Garota Exemplar, Lugares Escuros também é baseado no romance de Gillian Flynn; mas enquanto a roteirização do primeiro se deu pela própria autora, esta nova produção conta com a adaptação do também diretor Gilles Paquett-Brenner. É delicado estabelecer um diferencial por conta disso, mas vale a pena traçar um paralelo nos usos do flashback.

Enquanto o antecessor investe no recuo de poucos anos no tempo e mantém os mesmos atores e personagens do presente; neste novo título a quebra é mais abrupta em um retorno de quase três décadas, com a inserção de diversas figuras e por conseguinte, intérpretes distintos. O uso excessivo do recurso com grande lapso temporal significa um risco na adaptação cinematográfica.

Ben Day (Tye Sheridan) e Diondra (Cloë Moretz) em cena – Imagem/Paris Filmes

Se a proposta fosse uma ficção científica com experimentações, talvez funcionasse, mas o toque noir do longa já tende a uma lentidão e estas quebras recorrentes podem deixá-lo um tanto monótono. A própria inserção da Diondra de Cloë Moretz no meio da trama para justificar as variadas motivações que explicam e traçam o rumo da estória é frágil.

Lugares Escuros (Dark Places) é um suspense de temática interessante com grande potencial, demonstra uma personagem central rica e atores capacitados, mas não vai muito além e segue como mais uma opção de títulos do gênero.

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