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(EuCinéfilo) Vida: cinema no cotidiano

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A arte imita a vida e quando a vida imita a arte? Essa inversão de palavras soa clichê e daria pano para manga, mas se eu reformular a pergunta e colocar desta forma: Você já se deu conta de que cada vez mais parecemos viver em um filme? E aí mora o desafio, pois as comparações com a realidade, tanto podem gerar frustração quanto reflexões divertidas.

Cena do filme Birdman – Imagem/Fox Film

Neal Gabler já havia levantado essa lebre com a publicação de Vida: o filme, e, justamente, nesta obra ele destacava como o repertório cinematográfico influenciava e atuava sobre a percepção e comportamento da sociedade.

Transformação percebida nas situações mais corriqueiras que se possa imaginar, visível em frases como “Essa é a trilha musical da minha vida” ou a mais estapafúrdia “Quero um romance de cinema”, quem nunca?!

Sabe aquelas cenas que você só acha possível nas grandes telas? Óbvio que não falo de monstros como Godzilla ou algo do gênero, mas de pessoas dançando felizes sob aquele pé d’água ou até mesmo cantarolando e encenando no meio da rua como se estrelassem um musical.

Cena do filme Cantando na Chuva – Imagem/MGM

Posso dizer que já presenciei muita ‘presepada’ no meio da rua, tá certo que algumas destas exibições foram feitas por jovens atores aficionados por musicais, mas creio que muitas pessoas sem qualquer aspiração artística tenham trazido tais sensações da ficção para o dia a dia, (ou ao menos tentado).

E nisso o audiovisual mainstream funciona como força motriz, lançando mão de gêneros como o melodrama e a pornografia, esta última categoria diluída e pulverizada em diversos filmes e séries, todavia, ressaltados em determinadas tramas de sucesso comercial, tais como: Cinquenta Tons de Cinza ou mesmo o icônico 9 e 1/2 Semanas de Amor da década de 1980.

9 1/2 Semanas de Amor gerou curiosidade pelas cenas repletas sensualidade

O fetiche baseado na vida ‘real’ que passa a servir de inspiração, afinal, quantos casais já não devem ter experimentado aquela cena a ‘la gourmet’ protagonizada por Mickey Rourke e Kim Basinger?! Algo que na prática pode transformar-se em uma grande piada e um trabalho a mais na hora da limpeza do dia seguinte.

As relações afetivas passam a sofrer influências por conta da cultura audiovisual, não apenas nas peripécias sexuais, mas na relação amorosa como um todo. Aliás, isso me lembra as comédias românticas estreladas por Julia Roberts na década de 1990, uma verdadeira overdose de amor idealizado, baseado na máxima do ‘nasceram um para o outro’.

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Julia Roberts protagoniza drama ao lado de Meryl Streep

Sejamos justos, nem todos os títulos protagonizados pela linda mulher terminaram no happy ending desejado. Obrigatório em muitos filmes, novelas e até romances literários, o final feliz, na maioria das vezes, é pouco crível, mas ainda assim é capaz de arrebatar milhões de espectadores.

Um ótimo exemplo disso são os contos de fadas, outro dia conferi a versão de Kenneth Branagh para Cinderela, e percebi o quanto essa ‘magia’ ainda é presente no inconsciente coletivo e promove verdadeiras catarses. A Disney ‘encomendou’ uma versão live action do seu clássico, que mais parece cativar os adultos, inclusive, aqueles mais céticos.

Imagem/Disney

Independente de gênero, nacionalidade, se blockbuster ou alternativo; as produções cinematográficas fazem parte do nosso cotidiano e sua relação com as plateias mundo afora refletem aspectos comportamentais, culturais e até mesmo políticos da nossa sociedade. Portanto, assunto não vai faltar por aqui

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