Criada em um orfanato católico, Ida descobre que tem uma parente viva e parte ao seu encontro. Porém o que deveria ser uma visita transforma-se em uma viagem pela Polônia, onde elas tentarão desvendar os assassinatos dos familiares cometidos na época do holocausto.
Na pele da personagem título, Agata Trzbuchowska dá vida a uma noviça aparentemente equilibrada, funcionando em contraponto ao comportamento destemperado de sua Tia Wanda, fragilizada por essas perdas trágicas. A inexperiência e frescor de uma jovem atriz em complemento a maturidade e dramaticidade de uma Agata Kulesza.
Dono de um roteiro simples mas coerente, Ida investe na resolução dos seus enigmas mas também cede espaço ao incerto, entretanto, o grande destaque fica por conta da fotografia e seus enquadramentos. O preto & branco se dilui em nuances de cinza agradáveis em imagens que preservam a textura nítida dos objetos e cenários muito bem iluminados.
Os enquadramentos utilizados vão além daquele do cinema tradicional, são planos gerais onde os personagens se encontram fora do centro, ou como se estivessem em meio primeiro plano, além de tantas outras experimentações de conhecedores da linguagem cinematográfica.
Ryszard Lenczewski e Lucasz Zal assinam a fotografia de Ida que concorre ao Oscar nesta categoria. Um filme bastante agradável aos olhos, com uma narrativa por vezes lenta e um tanto abrupta nos momentos pós climax, mas ainda assim coerente com o proposto.
Pautado no realismo, o filme não pretende despertar fortes emoções porém acerta ao exibir uma perspectiva diferente a partir do olhar da personagem central em suas experimentações e decisões.