Dirigido por Dan Cutforth e Jane Lipsitz, Katy Perry: Part of Me, passa de modo sucinto por questões delicadas da vida da cantora, como a religião, mas conquista público com um mundo repleto de fantasia e canções contagiantes.
O documentário revela o cotidiano da cantora durante a turnê mundial California Dreams e dá voz aos fãs que comentam sobre a importância da intérprete de Fireworks na vida deles, o que não é novidade alguma em trabalhos do gênero, mas a surpresa fica por conta da exibição de vídeos de Katy Perry aos 18 anos, falando sobre dificuldades e sonhos.
É importante destacar que Katy começou a carreira no segmento gospel, e alcançou o sucesso pop, com o hit ‘I Kissed a Girl’, direcionamento de carreira que gerou divergências com os pais que são pastores pentecostais.
Apesar da relação parecer pacífica, a cantora deixa clara a distinção entre sua visão de mundo e a dos pais. Detalhe curioso é a forma de cumprimento e concentração da equipe antes do show, para quem espera uma oração, ao estilo ‘Na Cama com Madonna’, de 1991, engana-se, o que acontece é um agrupamento carinhoso e laico.
Nesse clima afetuoso que Katy desenvolve laços com seu público, um contato perpetuado pelo twitter. A cinebiografia mantém balanceado os pilares desse envolvimento, pautados na identificação e projeção. Ao mesmo tempo em que são explicitados os obstáculos enfrentados por ela, imagens reiteram o poderio de liderança, capaz de alegrar e comover multidões.
Aliás, a separação do ator Russel Brand marca o momento de maior dramaticidade do longa que é logo sobrepujado por músicas cativantes e pela determinação da artista. Aliás, a situação rende um depoimento emocionado, e realça o profissionalismo e obstinação de uma personalidade destinada ao estrelato.
O filme reitera uma imagem de Alice no País das Maravilhas, linda, simpática, sensível e ainda assim ‘diferente’ de outras musas do cenário pop. Mas resvala na mesmice com depoimentos mais do que clichês, como o do agente de Katy, que usa o discurso de sempre, com frases como, “Eu não esperava tal sucesso” e blábláblá.
Não é desmerecer o talento da cantora, mas ela tem uma história de mais de dez anos de carreira e se houve investimento nela é porque executivos e a equipe, inclusive, o empresário acreditavam que ela poderia ser rentável.
Aliás, o sucesso é comprovado por um feito conseguido apenas por Michael Jackson até então. Aos 27 anos, ela conseguiu emplacar 5 canções de um mesmo álbum no topo da lista da Billboard, e a última a figurar no pódio foi Last Friday Night (T.D.I.F).
Part of me é uma experiência para aqueles que tem alguma simpatia pela protagonista, mas pode ser assistido por toda família, o mundo de Katy Perry é divertido, não demora muito e o ritmo contagia o público.