Sob a direção de David Leitch, ‘Deadpool 2’ exibe cenas de combate caprichadas, se esmera em manter a identidade irreverente do herói e acerta ao investir na figura do Cable. Todavia, o esforço excessivo em fazer graça não rende a mesma fluidez e eficácia do título anterior e se o diretor acerta no comando da ação, o mesmo não se dá em todos os âmbitos da narrativa.
Neste segundo filme, Wade (vulgo Deadpool) se encontra fragilizado emocionalmente e precisará reunir uma equipe para salvar a vida de um garoto mutante e combater um imponente viajante do tempo, o Cable. Todavia, tudo irá tomar um rumo diferente e o ‘anti-herói’ precisará de ajuda para lidar com o inesperado.
Deadpool está de volta em sequências de luta bem coreografadas e este é um dos êxitos da condução de David Leitch, o cineasta já atuou como dublê e, talvez, a experiência tenha lhe rendido uma expertise na área. A montagem também merece destaque neste desempenho, inclusive, no uso do slow motion aliado a uma canção fora de contexto, uma fórmula eficiente na criação do humor.
Aliás, a trilha musical selecionada casa com a irreverência do herói. Vale ressaltar o acerto na condução e edição de uma sequência de grande impacto físico, embalada pela voz suave e acolhedora da cantora Enya; um uso eficaz do nonsense na composição cômica.
Prós e contras: ponderar é preciso
Diferente do primeiro da franquia, este novo título segue com uma necessidade maior de provocar risos e acaba se excedendo nesse objetivo, deixando de lado a fluidez cômica do antecessor. Por conseguinte, a produção não alcança tanta eficácia em determinadas passagens de humor que poderiam ter sido repensadas ou encurtadas. Mesmo assim, a obra ainda rende situações divertidas.
Em contraponto ao irreverente Deadpool está o sombrio Cable, interpretado por Josh Brolin que em uma ótima performance e composição primorosa se destaca. Todavia, nesta aventura há uma intenção de maior aprofundamento dramático das figuras centrais e parece fazer falta a mão do diretor neste percurso, especialmente, para as tantas cenas densas de Ryan Reynolds.
No entanto, o astro também é um dos responsáveis pelo roteiro e para um cineasta habituado com o gênero da ação, talvez, seja ainda mais difícil conduzir um elenco já afinado com a história, principalmente, ao explorar as camadas dramáticas dos personagens e equilibrar isto com o todo.
‘Deadpool 2’ agrega novas informações dos quadrinhos à versão cinematográfica e além de se manter fiel a identidade da produção original, ganha reforço com figuras como a Domino, defendida pela atriz Zazie Beetz. Entre erros e acertos, a trama diverte e promove ótimos embates cheios de dinamismo e efeitos visuais. Vale a pena conferir e que venha um terceiro filme mais harmônico!