O longa tem início com uma cena de Alice Celliers (Mathilde Seigner) em um hospital, após a realização de um segundo aborto. A jovem leva uma vida regada a drogas e sexo com estranhos. O assunto é tratado com cautela, mas sem os julgamentos e conflitos comuns aos folhetins latino-americanos.
No decorrer da trama os problemas de Alice, Antoine (Pascal Elbé) e Annabelle (Sophie Cattani), filhos de Mady (Charlote Rampling) e Henry Celliers (Patrick Chesnais), são dissecados e para o ‘delírio’ da psicanálise, todos estão relacionados direta ou indiretamente aos pais.
Aliás, Charlote Rampling no papel da matriarca frustrada realiza um ótimo trabalho, ela equilibra o humor ácido com a ‘habitual’ ternura materna. Até porque a história da personagem em si não é algo surpreendente, ainda mais para quem está acostumado a obras do gênero.
As reviravoltas e as grandes verdades vêm à tona com o surgimento de Jacques de Parentis (Olivier Marchal) que servirá de contraponto aos ideais familiares sustentados pelos Celliers. O filme acerta ao não maniqueizar os personagens, não existe um vilão ou mocinho na trama.
‘Algo que você precisa saber’, o drama não precisa ser trágico para convencer. Aliás, é até reconfortante perceber que assim como na vida ‘real’, as relações humanas não precisam ser perfeitas para serem bem-sucedidas.