‘Sobrenatural: A Última Chave’ exibe bons sustos e plot twist convincente, todavia, o roteiro investe em muita informação e apresenta desequilíbrio. Além de enfrentar dificuldades com a fluidez do filme, a direção de Adam Robitell busca manter a identidade da franquia, mas pouco acrescenta.
A trama propõe um retorno até Five Keys, Novo México, local em que Elise (Lin Shaye) viveu até os 16 anos de idade. Durante este tempo, ela morou em uma casa próxima a penitenciária estadual e além de lidar com um pai violento, deparou-se com uma entidade sobrenatural perigosa logo na infância.
O ano é 2010, acompanhada de seus parceiros de trabalho, Specs (Leigh whannell) e Tucker (Angus Sampson), Elise irá atender a um pedido de ajuda e precisará voltar a cidade natal e enfrentar todos os medos do passado, inclusive, combater o monstro que a tanto prejudicou.
Jump scare: o susto que agrada
Atento ao esquema de franchise, o quarto título mantem determinadas características e investe nas imagens de infravermelho durante alguns momentos de investigação e contato na casa assombrada. Do mesmo modo, as almas penadas se fazem presente no ambiente e a ideia do desdobramento espiritual para o plano onde habitam os demônios é mantida.
Marca dos primeiros longas dirigidos por James Wan, o trabalho com o áudio está presente em cena, como no microfone de alta sensibilidade que capta a atividade sobrenatural.Todavia, a trilha perturbadora parece mais contida e o som sobe nas situações de susto, estes bem eficientes.
Em desequilíbrio
Roteirizado por Leigh Whannell, o filme apresenta um plot twist convincente, capaz de trazer ainda maior consistência a uma história que traça um paralelo entre o obscuro do além morte e a monstruosidade humana. Neste sentido, a criatura demoníaca é o resultado dessa mente criativa bastante atenta ao contexto em que desenvolve a narrativa.
Todavia, ao dar conta de tanta informação o percurso se torna cansativo, rendendo pouco espaço no terceiro ato para a exploração do plano sombrio e, consequentemente, o embate final e por fim, diminuindo o impacto do clímax.
Em foco
Comparada às produções anteriores, a direção de Adam Robitell soa mais frágil e, talvez, isso se dê por conta da dramaticidade relacionada a história da protagonista e aos encontros e diálogos com pretensões mais profundas, porém, sem maior espaço para tal. Além disso, o elenco parece ser mais guiado pela experiência com os títulos anteriores do que pela orientação de um diretor.
Deste modo, o longa reitera alguns elementos da obra antecedente, especialmente, no epílogo e, nesta linha, tenta lidar com muita informação, sem perder os elementos da marca. ‘Sobrenatural: A Última Chave’ proporciona sustos convincentes, faz algumas associações interessantes com a realidade, tem um monstro tenebroso, mas não alcança o resultado dos precursores.