Roteirizado e dirigido por Hernán Guerschuny, O Crítico faz uma inteligente e deliciosa leitura dos códigos da comédia romântica e os transpõem para a tela sob uma perspectiva racional, mas o que a princípio parece uma crítica se revela uma grande homenagem ao gênero. Aliado ao conteúdo, as experimentações de câmera exibem cenas repletas de metalinguagem e beleza.
Na trama, Victor Tellez (Rafael Spregelburd) é um crítico de cinema prestigiado e implacável, especialmente, quando o assunto é comédia romântica. Dono de uma visão cética em relação aos romances exibidos pelos filmes, ele passará por uma experiência transformadora ao conhecer Sofia (Dolores Fonzi), escrevendo assim um novo roteiro para a sua história.
Cenas de referência, como aquelas protagonizadas pela atriz Julia Roberts dão base ao embate entre o crítico sisudo e as possibilidades de uma experiência cinematográfica. A irreverência e a comédia na trajetória de um homem que vivenciará todos os ditos clichês dos romances hollywoodianos no encontro ‘inesperado’ com o amor.
“A vida é um transcorrer repleto de oportunidades”, o filme que fala de si. Roteiro dentro de roteiro, filmagem dentro de filmagem, o cinema exibido na tela do cinema; nada mais é que a metalinguagem adotada de modo bem-sucedido. Destaque para a cena em que Rafael repete uma das típicas cenas de correria pelo grande amor, com direito a muita chuva no melhor estilo romance de Hollywood.
Experimentações de movimentos de câmera com amplitudes gradativas dos planos em um roteiro permeado por referências a ensaístas do cinema como Bazin, além das críticas coerentes ao gênero. Tudo isso com um senso de humor contagiante refletido em cenas e diálogos apaixonantes; mas lembre-se, o longa bebe na fonte da comédia romântica mas tem os pés na realidade.
No melhor estilo Victor Telles, concedo quatro de cinco poltronas (douradas) a esta simpática produção argentina. Confira o trailer.