Inspirado em acontecimentos reais, o filme narra a trajetória de um fazendeiro australiano na busca incessante pelos filhos, combatentes na batalha de Galípoli em 1915. A 1ª guerra foi responsável pela dissolução do império otomano, além de contabilizar 37 milhões de mortos e 8 milhões de desaparecidos. Justamente, nesta incerteza que a narrativa firma seu objetivo.
Neste percurso, o engajamento com o protagonista é rápido, seja pela maneira como ele é retratado, pela sucessão de tragédias que o acometem ou mesmo pela determinação que o move. Há um zelo pela evolução dos personagens e apesar de alguns envolvimentos serem bastante previsíveis, existe um cuidado na constituição das figuras em suas diferentes realidades culturais.
Para intensificar a dramaticidade são adotados recursos melodramáticos, resultando em cenas de ‘partir’ o coração. Destaque para a memória afetiva que evidencia a forte ligação dos três irmãos com o seu pai e também no que seria o ‘corte da lágrima’, close no rosto de Russell Crowe comovido pelo testemunho desolador que afetaria este elo.
A única ressalva a ser feita é o uso excessivo de flashbacks, uma necessidade de reiteração que, por vezes, poderia ser substituída por outras estratégias. Por exemplo, em uma determinada cena a utilização do áudio de combate, com explosões e gritos já seria o suficiente, reservando esta quebra narrativa ao essencial, como o momento que sela o destino dos jovens.
Mas se o filme exibe cenas trágicas isso é ponderado pela beleza de imagens da Mesquita Azul na Turquia, pelo uso do plongée em cenários grandiosos ou na amplitude do campo australiano, tomado pelo sol ou envolto por tempestade de areia. Os closes bem iluminados dos personagens centrais como o major turco de Yilmaz Erdogan e a viúva de guerra vivida por Olga Kurylenko se destacam.
Imerso neste ambiente conturbado, cercado por uma cultura diferente e pelos supostos inimigos, o protagonista vai se dar conta que toda moeda tem dois lados e nesta luta todos saem perdendo de alguma forma. Promessas de Guerra é o último trabalho do saudoso Andrew Lesnie, e também marca a estreia de Russell Crowe na direção de uma grande produção. Vale a pena conferir!