Mesmo com pouca experiência na direção, Wes Ball já dá sinais de evolução neste segundo título, e junto com o diretor de fotografia, consegue ótimos enquadramentos e maior dinamismo a trama, sem a perda da identidade da franquia. Apesar da localização geográfica, um tanto nebulosa, dificultar uma maior veracidade, Maze Runner: Prova de Fogo tem saldo bastante positivo.
Atravessado o terrível labirinto, Thomas e os gladers seguem agora em mais uma aventura contra o controle da Cruel (wicked). Desta vez, eles irão se deparar com um mundo pós-apocalíptico, devastado pelas explosões solares e também marcado pelos ataques de criaturas contaminadas pelo vírus fulgor.
Nesta produção, há um maior apelo a ação e as mudanças de cenário também contribuem para um ritmo mais dinâmico, mas são os usos de câmera em enquadramentos eficientes e bastante artísticos que dão maior sofisticação à narrativa. Um reflexo do amadurecimento de Wes Ball frente à direção.
Mas tudo isso também se deve ao empenho do diretor de fotografia Gyula Pados, um trabalho assertivo, evidenciado na forma competente como retrata os jovens em meio ao deserto ou mesmo como destaca a atmosfera sombria do subterrâneo onde vivem as criaturas mais tenebrosas.
Porém, a fragmentação do filme em diferentes ambientes exige um maior cuidado e coerência com a localização geográfica, algo que poderia ter sido melhorado com a exibição de monumentos, além da ponte que lembra a Golden Gate em São Francisco, traçando assim maior conexão entre os lugares do trajeto. Independente disso, Maze Runner mantém as cenas de pura ‘correria’ e o estilo quebra-cabeça, portanto, se algumas perguntas são respondidas, outras dúvidas são levantadas.
Desta maneira, as memórias trazidas à tona, não só esclarecem segredos, como também resultam em atitudes questionáveis. “A esperança matou mais que o fulgor”, neste planeta marcado pela destruição, escassez de recursos e sem expectativas, o grupo liderado por Thomas entra em contato com uma realidade dura e descobre o porquê é tão valioso para a Cruel.
As pistas deixadas ao longo da jornada funcionam, e constroem a perspectiva de um herói sob o viés romântico, o que reforça o engajamento com o personagem de Dylan O’Brien, dialogando assim com o público-alvo. Algo perceptível em falas até clichês, como: “Já tiveram a sensação de que o mundo está contra você?” ou mesmo em sequências que ressaltam o sentimento dele por Teresa.
Mesmo assim, não há perda da proposta inicial e Maze Runner: Prova de Fogo atua em uma acertada mescla entre ficção científica e ação. Apesar de ser orientado a adolescentes e jovens adultos, a trama pode até despertar algum interesse na faixa-etária mais madura, porém, assistir ao título de 2014 é essencial para a obtenção de uma experiência completa.