A amizade de infância entre Jess e Mili é colocada a prova quando um câncer assola uma delas, junta-se a isso a relação conflituosa com os parentes e a dificuldade da outra em engravidar. Duas mulheres diante daquilo que pode ser o fim da união entre elas, mas também o início de uma nova maneira de enxergar o mundo.
Nobre e até sincera, assim pode ser encarada a forma como a roteirista Morwenna Banks descreve a luta contra a doença, aliando o senso de humor quando possível, mas sem a perda da sensibilidade no momento da dor. Ainda assim o longa tende, por diversos momentos, a ser mais do mesmo.
Apesar do protagonismo dividido, Toni Collette é quem realmente se sobressai e tem o maior peso dramático, isso também se dá pelo fato da personagem não ser politicamente correta ou mesmo afável. No entanto, esse contraponto com a figura delicada e consciente encarnada por Drew Barrymorre parece mais do que batido.
Não há muito do que fugir quando se pretende retratar uma doença tão feroz, as consequências são dolorosas e, no caso, são exibidas sem pudores e aí está a importância social do título. Mas no que se refere aos aspectos cinematográficos, excetuando a direção de fotografia mais arrojada, não há de se falar em grandes destaques.
Mesmo a contraposição entre vida e morte é algo que se constrói de modo previsível e o sofrimento daquela que não consegue engravidar se torna algo providencial demais para a trama. Na verdade, mesmo os conflitos entre os familiares parecem os mais recorrentes possíveis no cinema blockbuster e a miscelânea disso tudo resulta em um trabalho sem muita identidade.
Ao tentar se distanciar do melodrama convencional, Hedwicke não encontra um caminho capaz de propiciar maior engajamento afetivo. A sensação que se tem é de algo correto pela temática substancial ou mesmo pela beleza dos laços fraternos exibidos, porém, isso não parece “orgânico”. O longa pode parecer simpático ao público-alvo, mas ainda assim não alça grandes voos.