A trama tem início na Copenhage de 1926, local no qual Einar Wegener se dedica à arte e ao casamento com Gerda, uma pintora sem o devido reconhecimento. Como inspiração para uma nova obra da esposa, ele se traveste e a partir daí todos os sentimentos latentes vem à tona.
Tanto Eddie Redmayne quanto Alicia Vikander convencem na atuação ao explorar as nuances deste casal marcado por um amor legítimo, contrário a qualquer convenção social daquela época ou mesmo dos dias atuais. Livre de pudor, o ator expõe a nudez e revela um forte trabalho de expressão corporal, uma difícil mescla entre os arquétipos do masculino e feminino.
O desejo presente no olhar que cobiça os objetos do imaginário de uma mulher, isso é bem marcado pela atuação, direção e também por um trabalho eficiente de fotografia de Danny Cohen. Do mesmo modo, o fotógrafo é bem-sucedido ao transpor as pinturas de Einar para a realidade cinematográfica em belas sequências externas.
A violência gratuita, a falta de entendimento de grande parte da medicina, as cirurgias sofridas para conseguir a harmonia entre mente e corpo, esta é a batalha de um homem que abdicou até mesmo da arte para se tornar uma mulher. Neste percurso, Tom Hooper parece ter encontrado uma maneira eficaz para tratar sobre as distinções entre identidade e condição sexual, sem ser pedagógico.